segunda-feira, 31 de maio de 2010

Para ser um bom coordenador de PJ - Parte 1

Uma coisa que eu sempre notei nos cursos que dou é que o povo adora dicas! E dicas com números parecem que são coisas mágicas!!! Quando eu falo: "Agora vou apresentar cinco pontos que todo assessor deve prestar atenção para exercer bem seu ministério", o povo se arruma nas cadeiras e presta mais atenção. É nítido. E bem bacana também.

Isso não é novidade. Basta ver os 10 mandamentos. É uma forma rápida e prática de se guardar conceitos importantes. O Pe. Jorge Boran também percebeu isso e lançou num de seus livros, "Juventude, o grande desafio", de 1982, os 10 mandamentos de um bom coordenador. Se você colocar num site de buscas qualquer esta expressão deve encontrar o texto do Pe. Boran, talvez sem os créditos. Mas se quiser ir direto a uma fonte confiável clique aqui.

Tomo a liberdade de pegar este texto original e dar uma versão minha a ele. Para o artigo aqui não ficar muito grande, reproduzo hoje somente os cinco primeiros. Numa outra data, mando os próximos cinco. Claro que cada um destes "mandamentos" dariam um artigo bem bacana para ser aprofundado. Quem sabe ainda não possamos fazer isto juntos?


Vamos aos cinco primeiros:

1) Ter visão do objetivo do grupo
Este primeiro mandamento está profundamente ligado aos demais e é o mais importante deles. O coordenador precisa saber qual é o objetivo do grupo para permitir que o grupo todo cresça e caminhe em direção a ele. Se é um grupo de PJ, voltamos àquela história já apresentada aqui. Um grupo de PJ caminha dentro da missão da PJ, a partir de sua realidade, mas buscando sempre o Reino de Deus. Isso não é fácil. Quem está a frente de um grupo precisa se preparar, continuar aprofundando seus conhecimentos, através de cursos, leituras, troca de ideias, acompanhamento. Ele precisa saber que "nenhum cego pode guiar outro cego. Se fizer isto, os dois cairão num buraco" (Lc 6,39).

2) Entender de metodologia
Ótimo, você sabe onde quer chegar, mas que passos, por quais caminhos, desvios, obstáculos o seu grupo pode e deve passar? A escolha do melhor caminho tem tudo a ver com a metodologia. Pessoalmente eu entendo que o melhor caminho não é o mais suave, mas o que apresenta também as dificuldades que o grupo, no seu tempo certo, terá a possibilidade de superar. Quando tudo é fácil, é difícil se dar o devido valor. Quando é conquistado a duras penas, o sabor é mais gostoso. O conflito, o diferente, o oponente é uma oportunidade que o grupo tem de aprender. A realidade nem sempre é fácil. É preciso entendê-la para transformá-la. É preciso paciência porque este é um processo lento.

3) Saber conduzir uma reunião
Sobre esse assunto dá para falar muito. Dá para mais de um artigo!! Vou tentar ser breve. Num primeiro momento é preciso que a reunião esteja bem preparada e que, num planejamento a longo prazo, ela tenha o seu significado e esteja dentro daquilo que se pensou para os objetivos daquele ano (ou semestre). Ou seja, que a gente possa fazer "a parte", mas pensando "no todo". Tendo isto em mente, é preciso um cuidado enorme: na PJ conduzir uma reunião não é dizer o que os outros tem que fazer ou saber. É ajudá-los a descobrir os melhores caminhos e chegar em suas próprias conclusões. Como disse o Pe. Jorge Boran, o coordenador pega o exemplo de Jesus ao conversar com o povo. Não dava respostas, mas fazia as perguntas certas. E quando todos partilharam as opiniões, ele arremata, dando o devido valor a cada contribuição que os demais participantes deram. E não vamos nos esquecer de um "detalhe" importante. Reunião de grupo de PJ não é pesada. Tem espiritualidade do dia a dia e dinâmicas para ajudar no tema. Que se prepare bem estes momentos também.

4) Ser bom cobrador
Se um assunto é decidido pelo grupo e assumido por algumas pessoas, é importante que isto seja feito. Gerar frustrações num grupo é perigoso para as relações que são criadas. É tarefa de quem está coordenando um grupo de cobrar as ações e funções que o grupo decidiu. Faz parte do amadurecimento do grupo. O "tom" das cobranças vai da sensibilidade do coordenador. Há momentos de cobrança mais firmes e há momentos de cobrança mais fraterna. O que não pode é ficar só mandando que os outros façam ou fazer por eles quando perceber que o que foi planejado não vai dar o fruto desejado. Ou pior: ver que não vai dar em nada e não fazer nada também. Cobrar, durante o processo, faz com que os jovens levem a sério as decisões que eles mesmos tomaram. Valoriza os passos dados.
  
5) Saber controlar o tempo
Quantos encontros de PJ que eu já vi e que o povo que coordenava se perdia no controle do tempo... Muitos e muitos. Nos meus primeiros "manuais" de PJ havia uma figura que aos poucos fomos retomando nos encontros em que eu ajudei a equipe de coordenação: a figura do cronometrista. É preciso planejar adequadamente o tempo a ser gasto e o nosso cronograma tem de ter as devidas "folgas" para os momentos de "surpresa" que todo encontro tem (aquele debate bom que durou mais tempo que o previsto, uma contribuição bem colocada que gerou uma polêmica interessante...). Aliado a isto tudo o cronometrista que sabe o que vai acontecer e toma o cuidado para que tudo corra conforme o planejado. Quem está a frente de um grupo precisa dar exemplo também. Chegar atrasado, começar atrasado, arrastar uma discussão além do que se deve é algo complicado. O controle do tempo dá também o "tom" de maturidade e responsabilidade para o grupo.


Quer ver a segunda parte? Clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário