quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pensando as reuniões – Parte 4

Pois é, chegamos ao quarto e último artigo sobre os preparativos para as reuniões. Há dois assuntos que frequentemente sou questionado quando o assunto é planejamento de reuniões: como trabalhar assuntos difíceis e como atingir o sentimento dos jovens ser abusar do aspecto emotivo. Gostaria que percebessem a importância destes dois questionamentos. Quem consegue superá-los, pode dar um passo de qualidade na vida do grupo. Continuem a leitura e vejam o porquê.


14. E quando é um assunto chato de tratar?

Tudo bem, vamos partir do princípio que o assunto “chato” é relevante para o grupo, porque se não fosse, não teria importância se ele fosse excluído da programação. O passo seguinte é verificar se o assunto é “chato” porque é um tema difícil para a coordenação tratar ou se é porque não faz parte do universo diário dos jovens do grupo. Vamos a dois exemplo, um de cada situação.

Falar de políticas públicas para a juventude. É um tema novo e relevante para os nossos grupos. Há a ideia, porém, de que a política é uma coisa suja e de difícil compreensão para as pessoas de modo geral. E muitas coordenações de grupos que eu já vi tem certa dificuldade de trabalhar temas ligados às áreas sociais, por falta, justamente, de uma formação neste sentido. Qual a saída para este caso? É a saída da resposta 13: chamar uma assessoria perita. E, sendo possível, chamar alguém bom e dinâmico, que consiga trabalhar o tema “chato” e cativar o grupo para discutí-lo.

E o tema que não faz parte das discussões diárias do jovem? Vemos isso, por exemplo, nos temas da Campanha da Fraternidade ou em assuntos ligados à área da espiritualidade. Fui chamado a falar do tema da CF-2010. Os jovens não discutem normalmente o tema “economia”, mas um ou outro aspecto ligado. No meu caso, este foi o gancho utilizado: puxar do que era conhecido no mundo local e puxar para o tema global; o que este e aquele aspecto que foi dito tem a ver com a economia e como a CF trata do tema.

Em ambos os casos, porém, as soluções para assuntos “chatos” passa por duas situações. Tentar ao máximo traduzir os efeitos do tema para a vida cotidiana, ou dela buscar os elementos para compreendê-la de uma maneira mais ampla e se utilizar o máximo possível de dinâmicas para envolver os participantes. Existem muitas dinâmicas de grupo para ajudar na discussão de temas. Basta procurar na internet e adaptar para a sua realidade local.

Quem consegue trabalhar temas que são mais complicados, dá ao grupo uma possibilidade de enxergar além da mediocridade da vida cotidiana, além de cultivar nos jovens a experiência de uma consciência mais crítica, desde que eles se sintam parte da construção da discussão e não meros receptores de uma informação que vem de fora.

15. Como “falar” ao sentimento sem abusar do emotivo?

Há muitos grupos de PJ numa verdadeira crise de identidade por este Brasil a fora. E um dos elementos mais importantes desta crise passa pelo campo da espiritualidade. Vários grupos se esquecem dos fundamentos da nossa maneira pejoteira de se relacionar com o sagrado. ou nem sequer foram apresentados a ele.

Há muitos movimentos eclesiais que influenciam a maneira como os grupos juvenis vivem a própria espiritualidade. E há também muitas críticas de outros movimentos e pastorais a algumas posturas de certos movimentos que desvinculam   a experiência da fé e a própria vida cotidiana, fazendo da experiência algo completamente emotivo, mágico ou que contemplasse o contato direto do fiel com Deus. Há pejoteiros que eu conheço que, para ter uma postura contrária a destes movimentos, fazem da experiência da fé algo tão racional que não motiva ninguém. Suas orações parecem recados de fim de missa.

Há quem diga que se deva unir a experiência de fé dos movimentos com a prática pastoral da PJ. Para mim este é um discurso de quem não conhece a nossa espiritualidade ou não quer desagradar as lideranças destes movimentos mais espirituais.

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