sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É possível ser feliz sozinho? – parte 3


Este é o terceiro artigo em que trabalho a idéia de que um grupo não deve querer ficar isolado. A frase título destes três últimos textos (“É possível ser feliz sozinho?”) é propositalmente provocativa. E volto a repetir o que disse no primeiro dos três artigos: há momentos em que a solidão é necessária, mas isto não pode ser a regra. Somos seres sociais e interdependentes, por isto criamos grupos. Há grupos que tendem a um isolamento e que acham que por si só se bastam. Eu creio que não seja possível também esta proposta. Há quem ache, então, que a solução é fazer parte de algo maior: no caso dos grupos de jovens, fazer parte da Pastoral da Juventude. Será que isto basta? Vamos, neste artigo, tentar ampliar os horizontes. Boa leitura.


27.    A PJ tem todas as respostas para o meu grupo?


Não, não tem e não deve. “Por que não deve?”, você poderia perguntar. Porque a PJ não pode imaginar que é capaz de contemplar todas as experiências religiosas e de organização juvenil dentro da Igreja. O universo juvenil é muito grande e não há experiência que possa contemplar todas as realidades. Uniformizar é uma tentação na qual nós não podemos cair. A beleza está na diversidade de vivências.

E não acredite em quem diz ter todas as respostas. Um filósofo de plantão poderia dizer que não há como alguém ter todas as respostas se não sabe quais são todas as perguntas. Muito já foi perguntado e há muito ainda a se questionar. A vida nos transforma e os contextos vividos também.

O que quero dizer com isto? Que também não dá para se isolar só com a cara pejoteira. Há um universo de possibilidades a serem exploradas dentro e fora da comunidade. Há muita coisa a ser aprendida, experimentada e vivida. Dou três exemplos que podem ajudar e explicar.

Dentro desta linha de que ninguém tem todas as respostas, alguns fatos me marcaram muito quando ainda estava na PJ em minha paróquia e organizávamos as “Semanas da Juventude” nas férias de julho. Fazíamos, geralmente, rodas de conversa e convidávamos gente que tinha propriedade no assunto que trataríamos naquele momento.

Foi em atividades assim que convidamos um pessoal da pastoral do menor, bem como da pastoral do trabalho e que nos deram depoimentos de como era o seu agir social com pessoas que nem iam a Igreja. Eram depoimentos que prendiam a atenção e que mostravam que havia algo de cristão acontecendo fora dos ambientes eclesiais.

Hoje, no IPJ, vejo novamente e na prática de alguns colegas, que há também muito que aprender com pessoas sem vínculo nenhum com a religião e que fazem um bem enorme às pessoas, e em especial à juventude. São instituições, grupos e organizações que chamamos de parceiras. Não trabalhamos sempre juntos, mas temos muitos pontos em comum.

O terceiro exemplo é justamente este aqui: o blog “E por falar em pastoral...” e por consequência todo o mundo virtual. Quanta gente bacana eu conheci, quantos trabalhos belíssimos pude ter contato, quantas experiências interessantes foram partilhadas, quanta riqueza pastoral acabei admirando. A internet nos oferece uma série de possibilidades de interação: redes sociais, blog’s e microblog’s, comunicadores instantâneos, álbuns virtuais (de fotos, músicas e arquivos em geral), listas de discussão, fóruns, entre tantos outros exemplos. Há de se enriquecer pastoralmente com isto também.

O que se quis dizer com estes três exemplos? Que podemos fazer sim parcerias tanto com outras pastorais (em especial as pastorais sociais), com outros organismos da sociedade civil e mesmo virtualmente. Um grupo sozinho não tem todas as respostas. Ficar preso a uma organização, pastoral ou entidade também não é libertador. Volto a repetir o que escrevi na pergunta 25: a gente aprende a crescer em contato com o diferente. Ele nos confronta e nos ajuda a repensar uma posição ou a firmá-la com maior convicção. Busque sempre parcerias, dentro e fora da comunidade. O grupo cresce, a pastoral cresce, a Igreja cresce e as pessoas se tornam mais humanas.

Entretanto, você pode estar se perguntando: “Toda parceria é válida? Quais limites se podem colocar nesta questão?”. São questionamentos interessantes e válidos. E pretendo abordá-las no próximo artigo.

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