domingo, 3 de outubro de 2010

Liderança

Em uma visita a qualquer livraria de médio ou grande porte, podemos encontrar diversos livros tratando do assunto “liderança”. De fato, existem muitas publicações que tratam sobre como despertar, entender e aprimorar as qualidades daqueles que são considerados líderes. A provocação que quero oferecer neste texto é sobre o cuidado com as lideranças jovens de nossos grupos. Há muitos assuntos dentro deste tema e que eu gostaria de escrever a respeito, mas por enquanto vamos ficar com estas duas questões abaixo.

30.    Liderança jovem. Sabe cuidar dela?

Sinto que existem várias dificuldades para se trabalhar com a juventude, independente de qual seja o ambiente que estejamos falando. Ou eles são considerados meros tarefeiros ou não são incluídos no processo de tomada de decisões. Isto na verdade revela a ignorância no trato com os jovens. É preciso saber como trabalhar com eles para que eles possam crescer como cristãos e cidadãos.

Se você acompanha um grupo de jovens, entenda primeiramente que poucos deles serão líderes imediatos. A maioria não vai despertar seu espírito empreendedor enquanto estiver no grupo. Muitos irão aproveitar dos conteúdos refletidos e dos momentos de convivência quando não serão mais tão jovens e às vezes não estarão nem mais na mesma comunidade. Portanto, fique tranquilo: nem todo aquele que não foi um líder imediato será uma liderança perdida. O importante é saber lançar a semente.

Todos no grupo devem ser tratados com o mesmo respeito e carinho, mas é preciso dar uma atenção especial àqueles que demonstram este espírito de liderança. Acompanhei, vivenciei e sei de relatos da história de vários grupos juvenis. Deve-se dar mais e cobrar mais de quem tem mais a oferecer.

Engana-se quem acha que o grupo de jovens não é lugar de cobranças, afinal estamos numa comunidade eclesial e fazemos nosso trabalho “de graça”. Há maneiras e maneiras de se cobrar alguém. Mesmo nosso trabalho sendo voluntário, é preciso que se torne claro o porquê dele estar sendo feito. Chamar à responsabilidade não é “feio”, pelo contrário, é uma ajuda para que o jovem aprenda que o seu papel no grupo tem valor e que o trabalho daquele grupo é importante.

E engana-se também quem acha que o processo de cuidado diferenciado para com alguns é danoso para o grupo. “O coordenador tem seus preferidos”. Se ele os tem, isso é um erro. A questão não é preferir uns em detrimento de outros. Como disse, todos tem o seu valor e devem ser respeitados como seres humanos que são. Mas na PJ um dos princípios que temos é a não massificação dos jovens. Tratar os diferentes sempre de maneira igual é um erro.

Há quem precise de mais atenção por problemas particulares, há àqueles com os quais se gasta mais tempo fora da reunião porque estão criando caso nos encontros. E há também, por exemplo, ainda aqueles que se percebe com um potencial maior para esta ou aquela atividade que também merece um tempo em particular para um bom direcionamento.

E quem seria o responsável por este cuidado? Esta não é uma tarefa exclusiva de quem prepara e acompanha o jovem e a jovem líder. É dever de todos do grupo cuidar das pessoas que o compõe. E é dever também da própria liderança jovem poder trabalhar e melhorar a própria atividade apostólica e pastoral.

31.    Por que é bom dividir tarefas?

Porque dividir as tarefas é dividir responsabilidades. E se você dividir uma tarefa no seu grupo, ficará mais fácil poder acompanhar, cobrar e ajudar o jovem a crescer enquanto ser humano.

Aprendi uma regra no meu início de caminhada na PJ que trago comigo até hoje. Um bom coordenador é aquele que prepara alguém bem capacitado para substituí-lo. Mas acredito que em muitos lugares esta regra não foi aprendida. Já conheci grupos em que os coordenadores são os mesmos há cinco, seis anos. E na maioria destes lugares havia a desculpa de que os “jovens não querem assumir responsabilidades” e por isso aquela coordenação se perpetua.

Para casos como este, o tratamento tem que ser de choque. “Não é o jovem que não quer responsabilidade, meu caro. É você que é um incompetente como coordenador”. Não precisa “baixar o Roberto Justus, e sair apontando todas as falhas do sujeito a ponto de “demiti-lo”. Mas é preciso que ele saiba que o processo de despertar as lideranças passa pelas suas mãos. Os espaços são dados ou negados pela coordenação do grupo.

E a melhor maneira de dar espaços é dividir tarefas: preparar a acolhida, encarregar de procurar um assessor para determinado tema, conduzir o momento de oração, representar o grupo numa determinada reunião, por exemplo. O coordenador que quer fazer tudo sozinho, nós o chamamos de paternalista. E este é um tipo de coordenação que não ajuda o grupo a amadurecer.

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