segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ser um bom assessor

Eu já recebi uma enormidade de mensagens eletrônicas chamando assessor de “acessor” ou de “ascessor”. Há quem diga que se eu entendi o que a pessoa quis dizer com aquela nova palavra, tanto faz a forma como foi escrita. Não vou entrar numa discussão de “norma culta” contra “variantes linguísticas”, mas como eu sou assessor, gosto de valorizar o “nome” que tenho.

Acessor me lembra acessório, algo que é como um apêndice, um acréscimo, não essencial. E eu acho que assessor tem um papel fundamental para qualquer grupo ligado à PJ, como veremos neste artigo. E ascessor me lembra ascensor que é um dos sinônimos de elevador. Não tem nada a ver com o artigo, mas eu quis comentar aqui! Afinal, assessoria se escreve com quatro “esses”.

36.    Como ser um bom assessor?

Sabe aquela brincadeira que muitos jovens gostam de fazer quando escrevem mensagens carinhosas e afetuosas para alguém, jogando com as letras do nome da pessoa? Por exemplo, se a garota se chama Ana, eles escrevem uma palavra em cada linha, começando cada uma delas com uma letra do nome – Amorosa, Natural, Abençoada. Esta é a brincadeira que eu quero fazer neste artigo para ajudar a entender o que caracteriza um bom assessor. Vou utilizar o termo “Assessoria hoje”. Uma característica para cada letra.

  • Afetividade – um bom assessor gosta de pessoas e em especial dos jovens, sente-se bem estando com eles, demonstra o afeto que sente por eles e eles percebem isso.
  • Sociabilidade – vive em grupo e gosta disso. Partilha com os jovens a vida. Inclusive a sua própria vida de assessor é também feita em grupo. Sabe que pode contar com outros assessores para formar uma rede de apoio e partilha de vida e práticas pastorais.
  • Seriedade – tem coerência; sabe o que faz, porque faz e mostra isto na sua vida. Leva o trabalho pastoral a sério. Os jovens enxergam na sua prática um testemunho de vida que pode servir de exemplo.
  • Experiência – não cabe ver um assessor que entenda menos de vida em grupo que um jovem coordenador. Se a pessoa assume a tarefa de ser assessor acredita-se que ela tenha vivido toda uma caminhada grupal e sabe onde estão os desafios mais comuns para ajudar o grupo a supera-los.
  • Simplicidade – não complica. Está no grupo não para criar confusão, mas para ajudar a dar mais luzes. Claro que existem situações em que a assessoria deve problematizar alguns contextos, mas tendo em vista que o objetivo disto é ajudar os jovens a enxergarem outras possibilidades e outros pontos de vista.
  • Serenidade – Conciliar e mediar os conflitos com sabedoria. Sua experiência de vida e de prática pastoral lhe favorecem neste ponto.
  • Organização – um bom assessor sabe onde pode buscar maiores informações, tem uma boa rede de contatos que lhe auxiliam quando está perdido. Cuida de sua agenda. Não se sobrecarrega com atividades uma sobre a outra. Sabe cumprir agenda e zela pelos compromissos assumidos
  • Resgate – O assessor é o guardião da memória do grupo que acompanha. Ele sempre traz os fatos ocorridos não como um fatalismo ou como um destino do qual não se foge, mas como um resgate de contextos históricos para que o grupo aprenda com erros e acertos passados.
  • Inventividade – Cria, não para em velhas fórmulas. Quem lida com jovens sabe que um grande atrativo é o ambiente criativo, em que as situações não se repetem sempre da mesma maneira. Mesmo o ambiente em que o grupo se reúne não precisa ser sempre igual. Uma boa assessoria sempre lembra a coordenação de pontos onde pode-se dar uma abordagem diferente, em como se pode readequar o ambiente ao tema que vai se trabalhar, por exemplo.
  • Autoridade – O assessor não manda no grupo ou na coordenação. Ele, por ter mais experiência ou por ser um especialista em determinada área, tem ascendência sobre os demais e o que diz tem um peso maior. Ele tem consciência disto. Mas não pode se valer da situação para impor sua vontade. A autoridade que tem diante do grupo é um instrumento ajudar os jovens a crescerem no seu processo de amadurecimento da fé e da prática.
  •   - Um espaço em branco!!! Um momento de pausa. É importantíssimo para que a gente que é assessor se mantenha firme nessa caminhada que tenhamos um momento para recarregar as baterias. Que façam bons retiros espirituais, que se enfurnem no meio da serra para um encontro com a natureza mas também consigo próprio, que vão para a beira do mar tomar uns bons sopapos das ondas ou para uma cachoeira, tanto faz. Cada um que descubra sua maneira de voltar à carga! 
  • Humildade – O jovem é que é o protagonista. Conheci assessores que se achavam a última água de coco do deserto, de tão imprescindíveis que eles eram. Bom assessor é como João Batista. Eu tenho que diminuir para que Ele apareça.
  • Otimismo – ambientes em que se valorizam os aspectos negativos tendem a não progredir. O assessor não é um otimista bobo que só vê o lado bom das coisas. É crítico, com certeza, mas não deixa que a situação caia num nível de total frustração. Sabe que é preciso valorizar as pequenas vitórias e os pontos positivos da caminhada
  • Jeito – Assessoria é questão de vocação. Nem todos servem como assessores, como também não se pode achar que assessoria é um “cargo” acima de coordenador. Não estamos falando de empregos, mas de disponibilidade de dons a serviço da juventude e do reino.
  • Empatia – é preciso que o assessor se coloque no lugar do jovem. Isto ajuda a que se tenha mais paciência com a caminhada deles e os ajudem nos passos que estão trilhando.
Claro que existem outras características desejáveis para um bom assessor. O que temos acima é só um exemplo. Há muito que se poderia falar sobre os pontos abordados. E a idéia é que futuramente possamos tratar deles com mais detalhes.

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