sábado, 26 de março de 2011

Reflexões pastorais – 2


Continuando o artigo da semana passada, seguem hoje mais três dicas/reflexões para nossa caminhada pastoral.


5.    Entenda para quem você está falando. Adapte-se ao seu receptor. Mas não o subestime.
Conheci muitas lideranças jovens que, ao assumirem as coordenações de seus grupos, deram pouca ou nenhuma atenção ao aspecto da comunicação. Conheci também muita gente boa que havia passado por este processo de vida nos grupos e que frequentemente era convidado por algumas coordenações para trocar umas ideias com a juventude. E, mesmo estes, com mais tempo de caminhada, também pouca atenção dispensavam ao aspecto da comunicação.

Nenhuma pessoa ou grupo é um repositório de conteúdo para um palestrante ou coordenador vir e despejar nela tudo o que sabe (ou acha que sabe). Informação, e principalmente a boa informação, deve ser mastigada, saboreada e, se possível, ruminada, antes de ser absorvida. Informação despejada sem critério lembra muito estas redes de lanches rápidos, que saem rapidamente, comemos de maneira ligeira e pouco nutriente foi aproveitado deles.

Saiba com quem você está falando, conheça seu público, conheça seu grupo, fale numa linguagem que eles entendam. E, se não souber de antemão como são eles, interaja, dialogue com a turma. Mude o discurso no meio da fala, se for necessário. Quantas palestras eu já não tive que mudar o rumo porque senti que o povo estava absorvendo pouco do que eu dizia? Várias vezes. É preciso mudar a estratégia para alcançar o objetivo, em casos assim.

Contudo, não seja simplista demais quando for falar. O jovem já aguenta comer alimentos sólidos, não precisa vir com a mesma papinha de sempre. Gosto de me sentir desafiado quando vou falar num grupo. E um bom desafio só parte de gente que quer ir além daquilo que você diz. Desafie a si mesmo e ao grupo em que for falar. Há bons resultados que podem sair daí.

6.    O centro da nossa fé é a prática e a mensagem de Jesus Cristo.

Já falei e escrevi isto aqui tantas vezes, mas não custa repetir. Não há nada mais central na fé de um jovem pejoteiro que a pessoa, a prática e a mensagem de Jesus. Aquilo que ele viveu e pregou movem o jovem a uma mudança de postura diante da realidade. Não dá para se acomodar diante de tanta cultura de morte. E não há como não se encantar com as coisas mais simples que a obra de Deus nos apresenta.

Se um jovem pejoteiro não faz diferença no meio em que vive é porque não entendeu a profundidade que é ser chamado de cristão. E cristão é aquele que acredita e mostra porque acredita na mensagem evangélica. A boa notícia é vida plena. E se consegue esta vida plena mostrando que ela é possível.

É esta a prática da nossa fé. Sem a ação transformadora, só com o discurso, acabamos por “matar” Jesus novamente. Quando pregamos uma fé desencarnada da realidade, acabamos por pregar outra pessoa, mas não o Jesus que viveu em Nazaré e Cafarnaum.

Para o pejoteiro autêntico, todas as outras coisas, como a devoção ao santo padroeiro, a vida em comunidade, grupo de jovens, grêmio estudantil, partido político ou qualquer outro é um segundo passo. Eles só são dados com sinceridade e real discernimento se reconhecermos que foi a prática e a mensagem de Jesus que os inspirou.

7.    O jovem é inteiro. A PJ tem que valorizar a formação integral.
Não esqueça disto. O “negócio” da PJ não é só com o espírito do jovem. Muito menos é cuidar das relações dos jovens. Ou ainda vigiar para que ele não apronte. Ou, quem sabe, formá-lo para que seja um militante político ou agente de pastoral. São visões muito segmentadas e que partem de quem não conhece a PJ de verdade.

A PJ lida com o jovem como um ser inteiro, pleno e em relações. Relação consigo, com o outro, com o mundo, com a fé e com a experiência. Não dá para pensar num jovem “segmentado”: isto é para o espírito, isto é para o estudo, isto é para a profissão, isto é para casa, isto é para a solidão do quarto, isto é para...

Lidamos com jovens. Sabemos que não há distinção entre o que vivem aqui e ali. É preciso que lembremos disto na nossa prática pastoral. Ele é inteiro e a formação integral o trata assim. Mesmo que para estuda-la nós a separemos em cinco aspectos, ela é para ser vivida como um todo. Da mesma forma como o jovem vive a sua vida. Intensa e integralmente.

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