quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012


Inspirado nestes programas televisivos (e agora também nos portais da internet), resolvi também dar uma revisada em tudo que aconteceu neste ano no Blog “E por falar em pastoral...”. Foi uma viagem para mim. Espero que seja para você também. Quem quiser rever o texto, é só clicar no link correspondente. Vamos lá.

O ano começou falando da importância de um evento pejoteiro que estava para acontecer: o X Encontro Nacional da Pastoral da Juventude. Falou-se também de um dos símbolos mais comuns que carregamos e do seu sentido: o anel de tucum. Terminamos o primeiro mês perguntando se todo mundo pode ser pejoteiro.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Que camisa você veste?


Pense na seguinte cena: lá estava eu, feliz da vida com a vitória do meu time e a conquista daquele campeonato. Encontro um colega na rua e vou puxar assunto com ele. Pergunto-lhe se assistiu ao jogo final. Ele, rispidamente, com rancor nos olhos e ressentimento na fala me responde: “Você acha que eu vou perder tempo vendo esse time? Não sou vagabundo ou cachorro”. 

Não sei quem ensinou a este meu colega que toda pessoa que torce pelo meu time é vagabundo ou um cão. Pelo que me consta, meu cachorro nem torce pelo meu time. Pelo contrário, foge de qualquer manifestação de fogos de artifício. E eu não sou um animal como meu colega citou e nem um vagabundo.

Sei que você, leitor deste blog, é uma pessoa que busca ponderar as coisas. Claro que nenhum de nós está livre de cair nestas generalizações. Mas é preciso ter muito cuidado. Usei o exemplo do futebol, mas poderia usar a discussão da cor da pele, da origem étnica, da expressão religiosa, do gosto musical, da orientação sexual, do estado natal ou do poder econômico. Todas são passíveis de generalizações (todo negro é isso, todo japonês é aquilo, todo crente é assim, quem gosta de funk é aquilo, se é gay é porque é isso, só podia ser da terrinha ou isso é coisa de pobre). Todas podem gerar preconceitos doídos. Essa é uma primeira ideia. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Maioridade penal: e aí?

Era um grupo de jovens reunido numa manhã de domingo. Passados os momentos iniciais da reunião, a coordenadora seleciona um voluntário do grupo com menos de 18 e com mais de 16 anos e o coloca numa cadeira ao centro do círculo formado pelos demais integrantes. Em seguida, divide a turma em dois grupos. Explica que ali seria feito um júri simulado.

A primeira metade iria atacar o réu (aquele jovem ao centro do círculo) e a outra metade iria tentar defende-lo. Situação bem simples. Só faltava dizer o que o jovem teria feito. Ele em si não fez nada, explicou a coordenadora. Mas na figura dele seria julgada a redução da maioridade penal. O grupo favorável à redução da maioridade penal apresentaria seus argumentos e o contrário tentaria rebatê-los. E assim, deu-se início.
 
O argumento básico para diminuir a maioridade penal é bem simples. O sujeito pode votar, pode doar sangue, mas não pode ser responsabilizado por crimes que venha a cometer. Isto é uma incoerência. Admitir que ele não tenha capacidade de discernir o certo do errado é ignorar a inteligência deste jovem. Com essa idade ele já não pode escolher que faculdade fazer? Nesta idade alguns já têm filhos. Não é uma decisão ‘adulta’? Por que não podem responder por seus atos? A TV e os jornais mostram hoje cada vez mais crimes cometidos por menores. Quem mata por maldade, por exemplo, merece punição sem piedade. Mas nossa sociedade os protege demais. Se a família não os educa adequadamente, que a sociedade o faça. Eles precisam aprender que para toda ação há uma consequência. É preciso que entendam que há limites, senão vira bagunça”.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Precisa acabar assim?


Há tempos ele já vinha percebendo que a relação não estava lá aquelas coisas. Ela exigia muito e ele sempre dando muito. Os momentos de satisfação que eles partilhavam eram cada vez em menor número. Ele sentia que estava vivendo um período de obrigações e não de entrega verdadeira.

Ela, por outro lado, era de fato bem exigente. Não era consumista, narcisista, egoísta ou qualquer outro “ista” que você possa imaginar. Seu lado exigente estava em querer atenção e dedicação. 

Eles tinham sonhos em comum quando a relação começou. Ela apontava um mundo novo, de possibilidades e de encantamentos. Ele tinha um vigor juvenil que o tempo e a história foram consumindo.

Para alguns amigos dele, ele dizia que queria dar um tempo, afastar-se dela. Viver outras experiências, tentar sentir saudades. Alguns deles tentaram movê-lo desta ideia. Propuseram a ele que tentasse novamente o diálogo. Dissesse a ela seus problemas e dificuldades. Ele confirmou que já havia até tentado fazer isto anteriormente. Mas as obrigações e a rotina diária acabaram por matar o assunto.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O caminho da vaca


Uma jovem senhora, numa palestra que eu fui, disse certa vez que a PJ não apresenta novidade nenhuma para os jovens. Afirmou que nossas práticas e discursos são os mesmos há 30 ou 40 anos. E que a PJ, suas coordenações e lideranças precisavam ser recauchutados. 

Creio que a maioria dos leitores deste blog não iria concordar com essa jovem senhora. Claro que cada um fala do ponto de vista de sua própria história. E o olhar dela não é nada positivo ou otimista. Mas ela está totalmente certa ou errada? Vamos analisar a fala dela parte por parte para começar.

domingo, 18 de novembro de 2012

O peso da estrutura

Não são poucas as pessoas que chegam para falar comigo sobre as questões da PJ. Conhecidas ou não, daqui da minha realidade ou não, iniciantes, militantes, assessores, coordenadores, afastados, contrariados, religiosos, consagrados, homens ou mulheres, todo tipo de gente vem falar comigo.

Há um tema recorrente entre estas várias fontes: nossa organização. Para mim, isto acaba indicando uma demanda reprimida e uma necessidade real de se conversar sobre o assunto. Enfim, queria partilhar da mesma perguntar com vocês: a nossa organização pastoral é um peso?

Se alguém lhe diz que a organização da PJ é uma superestrutura, carregada demais, com instâncias, coordenações demais, hierarquias demais, como você responderia?

E, se uma jovem lhe pergunta como deve agir quando é convidada a assumir um serviço pastoral na diocese e tem que se afastar da sua jornada semanal junto ao seu grupo de base, qual seria sua orientação?

E quando um militante se mostra desiludido com os novos líderes que estão nas atuais coordenações de sua região dizendo que estes só buscam status e mordomias, o que dizer disto?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Viemos para incomodar

Sei que corro o risco de parecer simplista demais, mas quero lhe fazer uma proposta. Olhe para a história da humanidade. Perceba como se deram as grandes mudanças. Normalmente giram em torno de três eixos possíveis:

- intervenção tecnológica,
- acordos entre os chefes das nações,
- lutas, conflitos e sangue.
 
Agora, olhe novamente para a história a partir de um ponto de vista social. Eu sugiro o olhar das classes menos favorecidas. Você crê, por exemplo, que todo o aparato tecnológico surgiu para facilitar a vida destas pessoas? Era este o intuito primeiro? Foi pensando nos pobres que surgiu a imprensa? Que aconteceu a revolução industrial? Que o ser humano foi para a Lua? Que inventaram o chip do cartão de crédito?

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O calendário do ano que vem

Recebi há algumas semanas um e-mail de uma leitora deste blog pedindo algumas opiniões a respeito da programação da PJ que a ela e a turma da paróquia dela haviam feito para o ano de 2013. Logo me veio à mente os calendários que fazíamos quando eu e minha turma estávamos na mesma situação.
 
Respondi a ela e perguntei se ela se importaria que eu usasse a motivação que ela me deu e as respostas que eu dei a ela para escrever um texto aqui no blog. Disse que não citaria o nome dela e nem da paróquia e que adaptaria as minhas colocações para que fossem úteis para uma quantidade maior de leitores. Há poucos dias chegou a resposta e ela topou. Portanto, está aqui o texto.
 
Em primeiro lugar, é evidente que há similaridades entre a realidade que eu vivi e a que ela está vivendo, embora nós sejamos de lugares distintos e de épocas diferentes. E achei bem curioso os erros e acertos que existem em comum. Foi a partir desta perspectiva que eu respondi. Elenquei aqui no blog (novamente) dez pontos, pois assim imaginei que ficaria mais simples a compreensão. Vamos a eles.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

E quando bate o desânimo?

Ela estava desencantada. Pensou duas vezes se realmente ia juntar as coisas para ir para a reunião. A agenda sobre a mesinha trazia a sua lembrança de que iriam preparar o calendário do novo ano. “Que tristeza. Mais um ano cheio de compromissos”. Pensou em ligar o computador para ver se batia uma distração, mas se recordou dos inúmeros e-mails de cobranças. Lembrou-se também que ninguém tinha fechado de vez o balanço daquela última atividade. Estavam devendo alguém. Quem seria? E por que ninguém fecha e decide nada?

Sair da coordenação talvez fosse uma solução. Não para o grupo, mas para ela. Afinal, uma hora ou outra teria que parar para pensar nela. Alguém para ficar em seu lugar não seria o maior problema. Dar-se-ia um jeito.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Que mau exemplo!

Enquanto eu escrevia o texto “Pejoteiros, o reencontro”, algumas imagens e situações me vinham à mente, mas não pude escrever tudo o que imaginei. Na verdade, ele foi um apanhado de situações que me serviram de mote para algumas ideias vieram fervilhando na cabeça desde então.
 
Muito falamos dos bons exemplos e das posturas positivas na pastoral. Do quanto é importante ser assim, falar daquela forma ou agir desta maneira. Mas nem sempre somos tão bons assim. E toleramos as pequenas falhas por sermos todos passíveis de errar. Por vezes fazemos vistas grossas aos desvios dos companheiros e companheiras que coordenam ou lideram nossos grupos. Ou, pior, passamos a ignorar os preceitos pastorais e cristãos e concordamos com algumas atitudes destas mesmas pessoas.
 
Isso me deixa profundamente chateado, não porque eu seja perfeito, longe disso. Mas nosso testemunho de vida, como já disse aqui, é elemento formador. Você é exemplo para a turma que vem chegando. Que boa leitura esses rapazes farão da sua vida? Como as moças buscarão inspiração naquilo que você faz?
 
Claro, a raiz disso tudo está no Evangelho e na prática de Jesus. E é aí que mora o “perigo” para você. Na hora em que a turma confrontar os frutos da vida de Jesus com o pomar que você cultiva na sua vida, o que é que eles vão poder colher?

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pejoteiros - o reencontro


Nota do autor: “Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência”.

Era sábado de manhã. André chegou ao sítio e estava feliz. Feliz e ansioso. Afinal há tempos não via aquela galera da diocese. O que teriam feito da vida? Quem estaria casado? Será que viriam todos? Ele não via aquela turma há quase vinte anos, afinal havia se mudado de cidade e perdera todos os contatos.

Era uma turma boa aquela dos trabalhos diocesanos da PJ do início dos anos 1990. Foi com eles que aprendeu o jeito de ser pejoteiro e isso fez toda a diferença na sua vida e nas suas opções. Descobrira anos mais tarde que sua vocação era de ser assessor da pastoral da juventude. Mas isso fora acontecer longe das suas terras de origem e talvez seus primeiros amigos nem soubessem disso. Tinha tanta coisa para contar. Graças às redes sociais da internet, acabaram por achá-lo e avisaram-no do convite para o reencontro. Que coisa boa!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PJ em qualquer lugar

Agradeço a você que acabou parando aqui para ler este texto. Talvez você seja alguém que acompanha o blog já há algum tempo, talvez seja sua primeira vez por aqui. Alguns de vocês já conhecem um pouco da minha história pastoral. Mas creio que posso conhecer algumas linhas da sua história.
 
Não sei se você que lê agora estas linhas é coordenador de grupo, assessora, homem, mulher, na casa dos 20, dos 30, dos 16 ou do “vamos mudar de assunto”. Mas se você já tomou contato alguma vez com a Pastoral da Juventude, este texto é para você. Será que sua história é parecida com esta?

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ex-amores pejoteiros

Não, este não é um texto direcionado a você meu caro amigo e minha cara amiga. Não tenho a intenção de contar nenhuma história em particular. Afinal, quem é que nunca sofreu uma desilusão amorosa? Quem nunca sentiu algo por alguém do grupo de base ou da comissão pastoral, fosse essa pessoa integrante do grupo, da coordenação ou da assessoria?
Sei que você pode ter sofrido (ou ainda estar sofrendo) por esta situação mal resolvida (ou bem resolvida para a outra parte interessada, vai saber). Meu interesse aqui não é ficar colocando o dedo sujo na ferida mal cicatrizada, mas o de tentar abrir um pouco o olhar.
Num primeiro momento, vamos conversar sobre quatro casos clássicos de sofredores e sofredoras do amor alheio não correspondido e ver os tipos de reações que estas situações apontam. Nos exemplos, os citados são dois homens e duas mulheres. Podem inverter à vontade.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sete aprendizados em um ano

Além de compor a comissão regional de assessores do Sul 1 (estado de São Paulo), eu contribuo na assessoria do Instituto Paulista de Juventude, em especial num projeto de formação de lideranças chamado “Eu sou + 7x7”. No feriado prolongado de 7 de setembro de 2012 encerramos a sexta turma deste projeto.
 
O formato deste projeto é composto por sete encontros, cada um com uma temática. O objetivo é capacitar as lideranças num processo mais de visão mais ampla da realidade intra e extra eclesial, é ajuda-los a desenvolver mais a sua consciência crítica e a perceber a importância do trabalho em rede.
Cada um dos grupos recebeu um nome diferente. Este nome guia os roteiros dos encontros e os momentos de espiritualidade. Talvez você possa achar que é comum, mas cada grupo possuiu sua própria identidade. Nenhum grupo foi igual ao outro seja no formato, na metodologia ou na interligação entre seus participantes.
 
Estes sexto grupo fugiu da lógica dos cinco anteriores. Até então, os nomes destes grupos tinham uma origem e uma identificação com nosso mundo judaico-cristão: Jubileu, Pentecostes, Kairós, Ruah e Êxodos. Com o sexto grupo, abrimos nosso olhar para o chão latino-americano. O grupo foi batizado como Pachamama. E ao planejarmos e executarmos o projeto (que dura um ano), particularmente pude aprender algumas coisas, duas delas já partilhadas aqui no blog.

domingo, 2 de setembro de 2012

Você já foi ao casamento em Caná?

Ser pejoteiro é uma experiência fantástica. Aprendemos que o crescimento enquanto pessoa se dá nos processos nos quais participamos e nos envolvemos. Aprendemos que a relação com o outro (e principalmente o diferente) também é uma oportunidade excepcional para melhorarmos nossos pontos de vista.
 
Aprendemos que a festa, as dificuldades, a análise da realidade, o esperar, os modelos a seguir, o agir são passos e etapas significativos para estes já citados processos que vivemos. Se alguém me pedisse para falar destas etapas todas que citei, usaria cinco versículos do Evangelho de João. Falaria de uma festa de casamento que aconteceu em Caná.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O que você faz com a sua esperança?

Venho refletindo nos últimos dias sobre a realidade das nossas juventudes dentro e fora do ambiente eclesial. Alguns têm um olhar pessimista, de desânimo e descrédito. Para estes, eu lhes digo que participar das atividades da Pastoral da Juventude, quando podemos partilhar da nossa realidade, dificuldades e sonhos, só fortalece nossa esperança.
 
É fato conhecido que em muitas localidades a realidade não é favorável à proposta de formação integral da PJ, que em algumas dioceses e paróquias nossa pastoral é solenemente ignorada ou é impedida de articular as forças juvenis em razão de outras opções pastorais. E que fora dos ambientes eclesiais muitos jovens pobres estão sendo exterminados. Como ter esperança a partir destas realidades?
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Botar fé na juventude

Faça a experiência. Vá num grupo de coordenadores de grupos de PJ ou mesmo num grupo de assessores e pergunte quem é a juventude. Quer que fique mais interessante? Peça para falarem sobre seus conceitos em uma ou duas palavras. Aí está feita a feira!
 
Faça uma sondagem depois. A grande maioria vai por dois caminhos distintos. Uma juventude ideal e uma juventude problemática. É praticamente líquido e certo. Não tem escapatória. A juventude ideal é aquela batalhadora, revolucionária, com coragem de mudar, fazer e acontecer, com entusiasmo, encantamento e ideais. E a juventude problemática? É a consumista, hedonista, violenta, violentada, acomodada, indiferente, apolítica.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lembranças do Encontro Nacional de Assessores

Era tarde de domingo. Sentado no banco do ônibus, cabeça encostada na janela, acabou sendo tomado pelo cansaço. O corpo de fato pedia o descanso, mas os danados dos pensamentos estavam a mil. O cérebro então, com seu alto poder de controle, resolve de vez com o dilema. Ele entrou num estado de relaxamento. Os olhos se fecharam, a cabeça repousou, os pés se acomodaram e ele dormiu. Os pensamentos, no entanto, se tornaram lembranças. E enquanto seu corpo viajava pela Dutra de volta para São Paulo, seus sonhos o carregavam novamente para o Rio de Janeiro para poder revisar tudo o que  viveu neste Encontro Nacional de Assessores.

Era a primeira vez que visitava a cidade Maravilhosa. Pelo vidro do taxi ele observava casas, o comércio, as pessoas. Tudo ali era tão similar a São Paulo, mas, estranhamente, tão diverso da sua realidade. Rodopiou entre ruas estreitas, com trilhos de bonde acompanhando os paralelepípedos. Morros, muitos morros. O taxista se perdeu e se achou. Eram ruas íngremes, ladeiras cansativas, escadarias por vários lados. E subia, subia, subia.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Existem vocações religiosas na PJ?

Agosto é o mês consagrado na Igreja para a reflexão sobre as vocações. A cada domingo é abordado um aspecto vocacional diferente (sacerdotal, familiar, religiosa, laical e catequética). Quando olhamos para nossos grupos, no entanto, vemos pouca reflexão, estudo ou aprofundamento sobre as dimensões sacerdotais e religiosas. Por que será?

Paralelamente a este questionamento, podemos olhar em qualquer levantamento que se faça sobre as dificuldades da Pastoral da Juventude. Certamente entre os cinco primeiros problemas que forem levantados estará a falta de apoio do clero. Por que será?

Se todos os documentos da Igreja dizem que o jovem é o rosto da Igreja e o seu futuro, o que falta para que os grupos de jovens trabalhem na dimensão vocacional o aspecto sacerdotal e religioso? E o que falta para que os padres e religiosos acolham melhor os jovens que provém da Pastoral da Juventude?

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Lugar de gente feliz

Dentro das reflexões do Dia Nacional da Juventude sobre “Que vida vale a pena ser vivida”, gostaria de trazer alguns pensamentos a respeito do tema “felicidade”. Quero partir de alguns exemplos que eu presenciei para podermos discutir nossas opções pastorais.

Cena 1:
É uma classe do então 3º colegial (que hoje se chama ensino médio). Aula de língua portuguesa. A professora que chegara à sala iria solicitar que os alunos escrevessem uma redação. Antes, porém, ela pediu a eles que desenhassem um círculo na folha do caderno, de modo que coubesse uma ou mais palavras dentro e fora do desenho. Dentro do círculo estava o objetivo principal da sua vida, ao redor do círculo, objetivos secundários e mais distante do círculo estavam as metas para alcançar os objetivos mencionados. A partir do desenho, eles iriam escrever uma redação. Um aluno travou. O que ele iria colocar como objetivo principal da sua vida. Nunca havia pensado nisso em seus dezessete anos de vida. Objetivo principal seria a última linha de chegada. Não, não era sucesso profissional, não era constituir família, não era viajar o mundo, nem aprender a nadar. Todas estas coisas deveriam ser etapas para conseguir alcançar algo maior. E então ele teve uma epifania. Estes objetivos secundários todos serviriam para alcançar sua felicidade. Seu objetivo principal na vida era ser feliz.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Meu delírio é a experiência com coisas reais

Tomo a liberdade de nomear este artigo com um dos versos da canção “Alucinação” do Belchior. Escrevo ainda sob a emoção de um encontro de formação que participei recentemente e que por todas as circunstâncias que giraram em torno dele acabaram reafirmando em mim o desejo de continuar a “amar e mudar as coisas”.

Nada, nada supera o encontro pessoal. Mesmo neste momento em que vivemos em que tantas relações se tornam virtuais. Não, não sou um saudosista dos tempos em que a comunicação instantânea era coisa de ficção. Sei que a tecnologia facilitou e muito a possibilidade do conhecimento se alastrar. Se você estiver lendo este texto agora, essa é mais uma prova de que isto é verdade. A questão é encarar este como um instrumento a mais e não exclusivo.

Mas voltando ao assunto, nada, nada supera o encontro pessoal. Sim, a virtualidade aproxima pessoas distantes fisicamente. E claro que isto é bom. Mas esta mesma virtualidade não supera o contato de um abraço pejoteiro. Este abraço é daqueles fortes em que você sente o calor, a respiração e a emoção da outra pessoa.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Dez conselhos para uma coordenadora diocesana da PJ

Ela faz parte da coordenação de uma PJ diocesana há menos de um ano. Comprometida e séria, ela quer fazer um trabalho bem feito. Mas tem uma série de questões sobre como fazer o trabalho de uma maneira mais eficaz e sobre seu próprio papel na coordenação. Ela veio me procurar. Começamos uma conversa e não conseguimos termina-la. Minha cara, desculpe-me se uso deste espaço para dar continuidade ao nosso papo, mas acho que pode servir a outras pessoas que estão na mesma situação.

Sei que você quer fazer bem o seu papel e que a equipe que está na coordenação junto com você também tem esse desejo. Assumir uma coordenação diocesana carrega alguns desafios e precisa de algumas posturas novas também. E acredite que não há receita pronta. Há coisas que a gente vai descobrindo no caminho. Com o tempo de vida que eu tenho, eu descobri algumas delas. Quem sabe uma ou outra possa servir para você?

terça-feira, 17 de julho de 2012

Uma só força, um só pensamento, um só coração

Dois homens suspeitos foram presos pela polícia. Havia a desconfiança de que eles teriam participado de um crime maior. Ninguém ainda havia descoberto as provas necessárias para condenar ninguém. Somente uma confissão dos participantes poderia levar alguém à prisão.

Os policiais tiveram uma ideia. Separaram os presos um do outros e para ambos foi oferecido o mesmo acordo. Se o prisioneiro acusar o outro suspeito e este, quando for interrogado, permanecer em silêncio, o primeiro sai livre e o outro é condenado a dez anos de prisão. Se ambos permanecerem não disserem nada, a polícia só pode condená-los a seis meses cada um. Contudo, se o primeiro permanecer em silêncio e o segundo acusá-lo, a situação se inverte e o primeiro é que ficará preso por 10 anos. Se os dois se acusarem mutuamente, cada um ficará preso por cinco anos.

Cada prisioneiro deve tomar a sua decisão sem saber qual a decisão o outro vai tomar. Nenhum dos dois tem certeza da decisão do outro. A questão que o dilema propõe é: o que vai acontecer? Como o prisioneiro vai reagir? Como você reagiria?

quarta-feira, 11 de julho de 2012

É hora de botar a CF 2013 na rua

Depois de 21 anos, a Igreja no Brasil traz de volta a reflexão do tema “juventude” em 2013 durante a Campanha da Fraternidade (CF). Vivi intensamente o ano de 1991, preparando a CF do ano seguinte. Tenho em meu coração um espaço de saudade daqueles anos. Eu havia conhecido a PJ em 1989. Tínhamos na paróquia uma assessoria efetiva e afetiva dos salesianos e salesianas. E pudemos ir preparando o terreno para uma boa organização paroquial da PJ por lá.

Olho para o cartaz da CF 92 e muitas recordações vem em minha mente. Uma delas é de que, pela primeira vez, eu ouvia falar de juventude na Igreja como um elemento renovador. Era “o novo”, falávamos e líamos nos documentos. Os cantos litúrgicos e de animação tocavam neste ponto.Tantas iniciativas. Tantos cursos. Tantas palestras. Tantos festivais. Tantos shows. Teve até escola de Samba falando no tema! Era o ano da juventude. Foi um despertar!

Pois então, vinte e um anos depois, nós estamos novamente às vésperas de outro “ano da juventude”. 2013 chega anunciando nova CF sobre juventude e pela primeira vez a Jornada Mundial da Juventude acontecendo no Brasil. Aqui nas terras paulistas, também estaremos celebrando 40 anos de organização pejoteira. É um ano bonito e cheio de desafios.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Gracias a la vida

Pensei em várias maneiras de agradecer a Deus o dom de me permitir ter vivido estes anos com saúde e cercado de gente tão bacana. Tive a idéia e a pretensão de tomar como inspiração as palavras de Violeta Parra cantadas e imortalizadas nas vozes de Mercedes Sosa e Elis Regina. Sim, é uma homenagem a uma música que tem me inspirado há muitos anos. E uma forma de dizer obrigado a tantos e tantas que fizeram eu ser o que sou hoje. E que Deus me permita declamar estas frases por tanto tempo quanto for necessária a minha vida e a minha presença.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Carta a um amigo

O amigo desta carta realmente existe. Mas não quis colocar seu nome. Em minha vivência em grupos de várias instâncias conheci muita gente boa que, por forças da vida, tiveram que se afastar de nós. Na maioria dos casos é um fato triste e que acaba por desmotivar um ou outro da caminhada. Por vezes, nós mesmos não percebemos que aquele que se afasta também precisa de um apoio e um incentivo. Outra pessoa acaba realizando as tarefas do primeiro e a vida continua. E é por achar que não precisa e não pode ser assim, que resolvi publicar esta carta. Meu amigo, você saberá que esta carta é para você. E você ao ler este texto, se tiver alguém que precise de palavras assim, pode encaminhá-lo para esta pessoa também.

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Meu caro, eu soube a pouco das suas angústias e da situação pela qual está passando. Imagino o quanto seja difícil passar por isso. Há momentos em que a fraqueza e o desânimo nos pegam. Há momentos em que a esperança parece algo distante e que a saudade de tempos felizes são somente memórias que nos machucam.

Eu escrevo a você para dizer que estamos juntos. Éramos parceiros e continuaremos sendo, mesmo com o seu afastamento da gente. Entendo perfeitamente que você precisa de um tempo para uma reflexão maior, para decidir qual o melhor rumo para sua vida.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vamos conversar sobre nossa organização?

Quantos de vocês não olham para suas realidades e pensam: “Isso aqui poderia estar um pouco mais organizado...”. Sim, é possível que este pensamento já tenha passado pela cabeça de vocês. Contudo, quantos já colocaram o dedo na ferida (não para ser um sádico cruel, mas com o cuidado de quem quer limpar e tratar para melhorar)? Quantos já arregaçaram as mangas e colocaram a mão na massa? Quantos já pararam para se planejar de forma mais eficiente, eficaz e efetiva?

Quer um exemplo? Ano que vem a Campanha da Fraternidade é sobre juventude. O que você e o seu grupo (seja na comunidade, paróquia, setor, forania, região, diocese ou sub região) tem feito a respeito? Meu caro, minha querida, este é um momento único e privilegiado! Não podemos nos contentar a fazer uma Campanha meia boca por alguns dias da quaresma e ponto final. É preciso pensar na vida da juventude e ajudar as nossas comunidades a refletir sobre isso também. É preciso falar de culturas juvenis, abrir as portas das nossas igrejas para um diálogo franco com elas. É preciso denunciar todo sistema de morte que cerca e ronda a juventude. É preciso buscar e expor os porquês dos jovens serem vítimas e agentes da violência. É preciso escancarar e deixar claro e nítido porque a proposta de Jesus é uma boa nova para os jovens também. É necessário mostrar porque nos apaixonamos por esta causa e porque somos pejoteiros.

Vocês já conversaram sobre isso?

domingo, 17 de junho de 2012

Sobre a manipulação na PJ

Este artigo é uma continuidade do texto “Detonando com a assessoria”, publicação que teve sua inspiração nas discussões ocorridas no III Encontro Regional da Pastoral da Juventude do Estado de São Paulo. Da mesma forma que o texto anterior, vou procurar destacar as partes do material original e fazer uma análise a partir deles.

O texto anterior falava sobre a assessoria. Este analisa as etapas iniciais dos grupos de jovens e o trabalho com as lideranças pastorais. É importante que saibamos o porquê das nossas opções pastorais, não só para um enriquecimento do saber intelectual, mas para termos clareza do que fazemos e para termos como contribuir para o crescimento dos jovens que caminham conosco. Diz o texto original:

E é por conta desta arte do convencimento que a PJ opta pelos pequenos grupos e tem pavor dos grandes grupos. Pequenos grupos são mais fáceis de serem organizados, moldados e manipulados. Desculpe-me se eu assusto você com esta terminologia, mas essa é a verdade. Na massa, o jovem pode ir na onda, mas não existe a certeza se ele está realmente convencido. Nos grupos pequenos isso é mais fácil.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Detonando com a assessoria

Durante o final de semana da celebração de Corpus Christi de 2012 eu estava junto com a turma do estado de São Paulo celebrando o III Encontro Regional da Pastoral da Juventude. Poderia dizer muitas e muitas coisas sobre este encontro. Mas gostaria de deixar focado um momento: sexta feira a tarde. As dioceses se agruparam por proximidade (aqui em São Paulo chamamos estes grupos de sub regiões) e tinham que discutir quatro textos e compará-los às suas realidades. Alguns eram bem provocadores. Outros apresentavam dicas e questionamentos. Vou me deter sobre um deles, o último, que tratava do tema Formação.

Ele causou alguns incômodos, pois questionava quatro posturas e opções da Pastoral da Juventude: o modelo de assessoria, a nucleação, a iniciação e o acompanhamento das lideranças. O texto começava assim:

“Há dois erros enormes na pastoral da juventude: um é o dar importância demais a um modelo de assessoria que não existe. O outro é o de insistir na valorização das supostas etapas iniciais dos grupos de jovens. Quanto tempo e quanta energia se perdem neste processo? Pode parecer heresia para alguns. Você não acredita nisso? Então seja frio, deixe a emoção de lado e analise comigo.”

sábado, 26 de maio de 2012

A Legião Urbana e a minha história de PJ

Fui adolescente nos anos de 1980 e jovem nos anos de 1990. Quase nesta virada de décadas eu conheci a Pastoral da Juventude. Foi neste mesmo período que eu entrei no que hoje se chama ensino médio. E foi na confraternização de fim de ano da minha sala que eu ganhei a minha primeira fita cassete (pronuncia-se K7) da Legião Urbana. Não sabe o que é uma fita cassete? Clique aqui e veja. Não sabe o que é a Legião Urbana? Veja aqui  e depois volte para este artigo.

Creio que seja bem provável que, caso você não saiba quem é a Legião Urbana, ao menos já tenha ouvido alguma de suas músicas. Muitas delas rolam em nossos encontros pastorais (Pais e filhos, Que país é esse, Índios, Será, Perfeição, por exemplo). Renato Russo, o vocalista e principal letrista do grupo, foi um referencial para boa parte da minha geração. Suas composições falavam e pareciam escritas para nossas angústias e situações adolescentes e juvenis.

Desde esta primeira fita cassete, eu passei a acompanhar de perto a carreira da Legião. Todo disco a ser lançado era de uma espera ansiosa. Todas as faixas eram ouvidas e decoradas. Os discos e fitas anteriores eram compartilhados entre os amigos. E as letras eram interpretadas a nosso bel prazer. Umas eram mais diretas (E há tempos são os jovens que adoecem. E há tempos o encanto está ausente...), enquanto outras davam linha a diversas interpretações (Vamos deixar as janelas abertas, deixar o equilíbrio ir embora...).

terça-feira, 15 de maio de 2012

E nosso coração ardia...


Era por volta das três da tarde. Camila subia a ladeira em direção a praça da matriz. Quando estava quase lá, ela encontra Daniel, parado em frente à banca de jornal tentando se atualizar das últimas notícias através das manchetes do dia anterior. Ela veio por trás dele e o abraçou. Já haviam se passado três meses que eles não se viam, mas o reencontro foi como se tivessem se esbarrado ontem.

O que fora um misto de alegria e surpresa pelo reencontro, foi dando lugar ao desencanto e a melancolia. Há três meses eles haviam dado fim a uma experiência que havia se arrastado por outros tantos 10 meses. Camila e Daniel nunca foram namorados. Eles eram coordenadores do grupo de jovens da matriz.

Muitas perguntas marcavam a conversa deles. “Será que valeu todo empenho, esforço, dedicação, dias e noites em preocupação para que o grupo desse certo?”, “Por que o grupo fracassou?”, “De quem é a culpa?”, “Por que não despertamos neles o gosto para ir além?”.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Todo mundo pode ser líder?

Este texto poderia começar com o título “Liderança é um dom?” ou “Pode-se aprender a ser líder?”. Já foram discutidos por aqui em três textos os aspectos e cuidados com a liderança jovem dos grupos da pastoral (O que é ser líder, Liderança jovem e Cuidados com os líderes). Contudo é preciso deixar bem clara a resposta para a pergunta título.

Pode qualquer jovem acanhado, que ingressa hoje num grupo de uma comunidade afastada, lá na periferia de qualquer cidade que nós conheçamos vir a se tornar um líder pastoral conhecido, ou mesmo uma grande liderança em sua comunidade local?

A Pastoral da Juventude crê que sim. Liderança não é algo que somente vem das características pessoais que herdamos. É algo indiscutivelmente fruto de um meio. Claro que ser uma pessoa carismática ajuda muito, mas algumas características pessoais podem ser incentivadas para que o jovem chegue a ser uma liderança expoente. Aponto sete destas características.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Que horas você para?

Eu estava ontem voltando para casa depois de um dia de trabalho. O metrô nem estava tão cheio quanto costuma ser normalmente. Eu estava num banco, virado para a janela e a noite já tomava conta da paisagem. O cansaço e o sono eram fortes. Os olhos pesavam. Foi quando eu me dei conta de uma coisa interessante.

Olhei para as pessoas que saiam numa determinada estação e para outras que entravam. Poucas conversavam umas com as outras. Poucas também sorriam. O passo era apressado. Os rostos tristes, preocupados ou impenetráveis.

Num dos bancos próximos a mim estava uma mulher com um bebezinho de colo. Até onde minha vista alcançava, somente nós três estávamos sorrindo. Num mar de indiferença, temores e isolamento, o sorriso daquela criança era uma ilha de conforto. Quantos ali viram aquela criança? Quantos puderam aliviar o peso da carga diária com o olhar doce que ela transmitia?

Sim, você pode achar que este texto está muito piegas, sentimental demais. Então me deixe valer de outro exemplo, antes de entrarmos na questão pastoral de fato.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Alguem disse que outra pessoa disse

Eu acompanhei há uns meses uma assembleia de Pastoral da Juventude. Eles usaram o método Ver Julgar Agir para organizar a atividade. Estive presente nos dois primeiros momentos. No levantamento da realidade, os jovens (todos de grupos de base) eram convidados, entre outras coisas, a escreverem num papelzinho uma coisa boa que existia em seu grupo e uma coisa ruim.

Espantou-me, a princípio, ao ver que em mais da metade dos grupos foi apresentada a fofoca como sendo uma das coisas ruins que existiam em seus grupos. Digo que fiquei espantado inicialmente, mas depois pude refletir melhor e ver que não é tão espantoso assim.

O que é a tal da fofoca? Fofocar é falar, comentar, especular sobre a vida de outras pessoas, sem o compromisso com fatos concretos, apenas com a própria opinião. É como se fosse um achismo sobre a vida alheia, sem que o alheio fosse consultado a respeito.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Amores pejoteiros

Era uma manhã de domingo e ele acordou antes dela. Os raios de Sol já entravam pelas frestas da janela e ajudaram a iluminar um pouco mais o quarto. Com um pouco de luz ele pôde ver o rosto dela e sorriu. Era como se um filme passasse diante dos seus olhos e o final era feliz.

Ele se julgou um cara com muita sorte. Não acreditava que fosse cheio de qualidades a ponto de ter conquistado o carinho daquela moça. Era certo, porém, que deveria ter algumas sim. E, possivelmente, seriam as qualidades que ela mais apreciava. Afinal já eram alguns anos de convivência em comum e de casamento.

Em sua cabeça era como se todos estes anos fossem dias que aconteceram nas últimas semanas. Tudo foi tão intenso e tão bacana que até as dificuldades passadas serviram para fortalecer ainda mais aquela união.

Ele se recorda bem (e faz questão de valorizar a boa memória que diz cultivar) que foi numa tarde ao lado da catedral que ele a viu pela primeira vez. Lembra que fez questão de ajudá-la porque ela parecia perdida e procurava por alguém. Quem sabe ela não estaria interessada em participar da PJ? E estava. Ela procurava por seu melhor amigo que, semanas antes, a tinha chamado para participar daquela reunião de rearticulação da PJ diocesana.

terça-feira, 10 de abril de 2012

E se não existisse a PJ?

Passamos a pouco pela Semana Santa e quero crer que para muitos de vocês que leem este texto, foram dias de boas e relevantes reflexões. O tríduo pascal reúne as celebrações mais importantes da nossa fé cristã. E nos faz pensar sobre os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

Para mim, em particular, estes dias me fazem pensar que, apesar da dor, apesar das tristezas ou do sacrifício, a morte não tem a última palavra. Ela não é o fim das coisas. A vida prevalece afinal. A proposta boa de Jesus não poderia morrer e ficar sepultada naquele buraco na pedra. Não era possível que a morte dominasse Jesus, como lembra Pedro no discurso após o Pentecostes.

O que estaríamos fazendo hoje se a notícia da ressurreição não tivesse se espalhado pelo mundo? É possível que muito de nossa linguagem cultural, simbólica e política seria bem diferente. Mesmo entre aqueles que não creem, a influência cristã é relevante. Nossa sociedade é bem marcada por esta história. Sem a ressurreição toda nossa fé é vazia. E, claro, não existiria também a PJ.

Fazer o exercício do que seria o mundo sem o cristianismo já foi tema de livros e teses. Daria assunto para muita conversa. E se restringíssemos nosso olhar? O que seria um mundo sem PJ? Como você que lê este texto reagiria?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Que Deus é esse?

Eu estive numa festinha de crianças com minha esposa e meu filho por estes dias. A maioria das crianças adora estes eventos e o meu garoto não é diferente. Quem o conhece sabe que ele não é de ficar parado e nem de deixar os outros parados (o pai e a mãe dele, em especial).

Do meio para o fim da festa, uma senhora que presenciou toda a energia e alegria dele veio comentar comigo: “Ele tem medo de você?”. Eu respondi que quando eu fico bravo, sim, ele tem medo. Parecia que eu havia dito a senha correta, pois ela balançou a cabeça positivamente dizendo que é preciso que ele tenha medo de alguém.

Esta afirmativa veio me cutucando por estes dias. Seria preciso mesmo ter medo para obter respeito? Será que o amor não basta? Será que é mesmo o medo do castigo e da perda que mantém nossas relações e, no fim das contas, nossa sociedade unida num mesmo caminhar?

quarta-feira, 14 de março de 2012

Fogo amigo

“Meu nome é Cristiano e tenho uma certa caminhada na Pastoral da Juventude. Participei por um longo período das instâncias e hoje milito numa ONG que atua na luta pelos direitos da juventude.

Digo que minha vida pessoal é profundamente marcada pelas opções que fiz durante minha passagem pela PJ. E por tudo isso eu sou muito grato. Posso afirmar que até hoje, no trabalho que desenvolvo, estas opções ainda são muito fortes. Contudo, nem tudo foram e nem são flores.

Há gente que você sabe previamente que serão opositores e tentarão de todas as formas, éticas ou não, atrapalhar seus projetos e propostas. Isto é previsível, esteja você no campo que estiver. Contudo, há de se estranhar quando o opositor está nas suas fileiras, quando é um companheiro ou companheira que atua pelas mesmas causas e que já comeu o mesmo pão murcho e tomou o mesmo suco que até hoje você não sabem qual deveria ser o sabor.

É a turma do fogo amigo. Quando você se dispõe a atuar pela vida da juventude, pela sua formação integral e pelo crescimento de sua consciência crítica, sabe que será metralhado por algumas pessoas ou grupos. Há grupos aliados que metralham de volta e alguns destes tiros acabam acertando você. E há nestes mesmos grupos, alguns que enxergam em você o inimigo.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Como encarar um grupão?

A gente sabe que a Pastoral da Juventude tem uma turma boa de conversa e que sabem conduzir uma discussão num nível bacana. A razão de tudo isso é que eles foram forjados nos pequenos grupos de base, nas discussões comunitárias, nos debates promovidos. É uma turma de consciência crítica e que encara qualquer parada.

É mesmo??

Já vi muitos colegas de pastoral que encaram numa boa o debate num grupo pequeno, mas que tremem nas bases quando vão falar num grupo grande, de mais de setenta pessoas, por exemplo. Temos toda uma técnica para os grupos pequenos. E para os grandes?

Não era costumeiro que a PJ trabalhasse com grupos grandes em falas mais aprofundadas. Os tempos atuais, porém, pedem e exigem algumas capacitações a mais. Por vezes somos chamados a falar em conferências, grandes encontros, palestras para grupos fora da realidade pejoteira ou assembleias maiores. O que é importante para se preparar bem?

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Você sabe trabalhar em grupo?

Vou partir do princípio de que você que lê este texto participa de um grupo e que quer que ele progrida e alcance seus objetivos. Vou acreditar também que você contribui para que as pessoas do seu grupo também participem cada vez mais e sejam de fato protagonistas de sua ação.

Partirei da ideia de que você não é, necessariamente, o coordenador deste grupo, podendo ser uma boa liderança do mesmo. Se for o coordenador do grupo, ótimo também.

Já partilhei aqui neste espaço que as pessoas gostam de números e de dicas. Este texto poderia receber o título de “10 mandamentos de uma liderança participativa” e talvez recebesse muito mais visitas. Mas o título dado também vai direto ao ponto.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Até as últimas consequências

E ela olhou nas suas anotações o nome de todos eles. Tinha ficado encantada com todos os relatos e sobre como toda aquela gente tinha dedicado a vida por uma causa. Mas ainda se assustava um pouco também. E, naquela noite, foi deitar pensando em cada um deles. Afinal, tudo era tão grandioso, tão importante, tão solene... Tão distante. Ela ali, no trabalho comunitário, todo fim de semana, na busca de vida, no convívio com outros jovens... E eles lá. Fazendo grandes coisas, sonhando grandes sonhos...

E de repente ela se pega andando numa rua estranha. Não parecia com nenhuma outra pela qual já caminhara. E então ela vê uma igreja e tem a forte vontade de entrar nela. Há poucas pessoas sentadas e no altar um bispo faz um discurso muito convicto. Dizia ele que “Ainda quando nos chamem de loucos, ainda quando nos chamem de subversivos, comunistas e todos os adjetivos que se dirigem a nós, sabemos que não fazemos nada mais do que anunciar o testemunho subersivo das bem-aventuranças,  que proclamam bem-aventurados os pobres, os sedentos de justiça, os que sofrem

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ei, larga o osso aí!

Existem algumas coisas que me deixam bem chateado na pastoral. Uma delas é ver um grupo que se deixa conduzir por uma coordenação ditatorial. Há muitos motivos para que a coordenação aja desta maneira: busca de status, influência, poder, sentir-se “querido” ou “necessário”. E há motivos para que o grupo aceite este tipo de coordenação: apoio, fortaleza, simples submissão, tentativa de aproximação para pegar as “migalhas do poder”.

Alguns destes “ditadores” não enxergam o mal que fazem. Não é nada pastoral impedir que o jovem possa decidir junto. Não é nada pastoral ficar só apontando os caminhos sem refletir juntos. Não desperta liderança. Desperta um bando de bajuladores e jovens apáticos.

Mas o que é ruim, pode piorar. Estas coordenações se julgam salvadoras da pátria e pretendem ficar no topo por muito e muito tempo. Mas há algo que elas não controlam: a idade. Não se é jovem para sempre. Mas mesmo ignorando a regra temporal, estas coordenações insistem em ficar. Adultos coordenando jovens. Isto é PJ? Cadê o protagonismo?

E você acha que chegamos no fundo do poço? Então lá vem o tiro de misericórdia: para justificar a permanência na condução do grupo, alguns destes coordenadores mudam de título. Viram assessores!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O “E” da questão

Tenho o prazer de partilhar com vocês um novo texto escrito pelo companheiro Paulo Flores, mais conhecido como Lobinho, sobre algumas reflexões a respeito da Pastoral da Juventude Estudantil.  Ele é jornalista com especialização em Marketing Político e Propaganda Eleitoral pela ECA/USP e também é membro do Instituto Paulista de Juventude. Foi secretário Nacional da PJE, entre março de 1993 e julho de 1995 e da CNPJ no mesmo período. Atualmente atua na CEB Cristo Rei e escreve para o excelente blog Prioridade Educação.

Obrigado pela partilha, Lobinho. Valeu!

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A Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) completa 30 anos em 2012. É um bom momento para refletir sobre a pastoral e sua importância.

Por tudo que a pastoral viveu nestes anos, falar que a PJE é parte da Pastoral da Juventude e deve trabalhar em conjunto com as demais pastorais da juventude (PJ, PJR e PJMP) é “chover no molhado”. Sua ligação com as PJs pode ser sentida em cada experiência, em cada atividade compartilhada. Todas elas são PJ.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Todo mundo pode ser pejoteiro?

Não. Não pode. Próxima questão?” Seria um artigo muito curto, se o jeito pejoteiro de questionar as coisas não impedisse o caro leitor de querer saber o porquê da resposta.

Ser pejoteiro significa que a pessoa é participante e/ou articuladora desta proposta chamada "Pastoral da Juventude". E há pessoas que não podem ser pejoteiras porque isso implica assumir esta proposta com a própria identidade pastoral. Já falamos sobre isto aqui no blog. Identidade é algo que se constrói e se escolhe. Não é algo com a qual nascemos. E no que consiste a identidade pejoteira? Temos mais de 100 artigos neste blog e a maioria deles trata, direta ou indiretamente, sobre esta questão. Ou seja, é um assunto que dá o que escrever!

Resumindo, identidade pejoteira tem a ver com a vivência de uma espiritualidade libertadora e do cotidiano, de uma preferência pedagógica pelos pequenos grupos, de uma metodologia que valoriza a história, a prática, os meandros sócio-políticos, um olhar bíblico e profético sobre a realidade e a ação concreta, primando sempre pela decisão colegiada, democrática, ética e coerente.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Compromisso com a causa

Imagine a seguinte cena: um rapaz chega numa casa, toca a campainha e ao encontrar determinada moça oferece-lhe, com sorrisos, um buquê de rosas vermelhas. Ela retribui os sorrisos e o convida para entrar. Este tipo de flor, em nossa cultura, tem o sentido de uma paixão mais arrebatadora, de um sentimento forte. Mas são apenas flores...

Quando eu era mais jovem, escutava sempre a notícia de rapazes que roubavam tênis de outros jovens. Eram sempre calçados de alguma marca de certa relevância. Tênis de marcas mais populares dificilmente eram roubados. Quem os roubava estava sempre nos níveis mais básicos da pirâmide social. Para eles, ter um par de tênis de marca famosa era sinal de status, de maior relevância. Mas são apenas tênis...

Um símbolo é sempre algo que representa algo além dele mesmo para alguém. O que isto quer dizer? Que flores não representam diretamente paixão, mas alguém entende que rosas vermelhas significam. Tênis não representa diretamente status, mas para alguém, um par de algumas marcas representa sim.

No mundo pastoral, utilizamos fartamente os símbolos. Nossas reuniões, encontros, formações, ritos e cursos são extremamente simbólicos. As cores, as músicas, os cheiros, a maneira de organizar os objetos geralmente tem um sentido por trás deles.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Tem cheiro de PJ no ar

Janeiro de 2012 ficará marcado pela realização do 10° Encontro Nacional da Pastoral da Juventude. Pela primeira vez na região Sul do país, a cidade escolhida para acolher os jovens pejoteiros é Maringá, no Paraná, entre os dias 8 e 15.

Números redondos chamam a atenção. O fato de este ser o décimo encontro nacional, portanto, é algo marcante. Desde 1998, no quinto encontro nacional, priorizou-se a representação diocesana nestes eventos. Portanto, desde lá, sempre houve uma ou duas vagas para cada diocese brasileira.

É uma oportunidade única para que tantas lideranças diocesanas, envolvidas na condução das atividades pastorais possam trocar experiências, conhecer outras possibilidades de trabalhos e voltar revigorados com as discussões, vivências e contatos que só um encontro deste porte pode proporcionar.