terça-feira, 30 de abril de 2013

Imagina na Copa...


Anderson queria reorganizar a PJ na paróquia dele. Ele teve acesso a alguns textos que diziam do passado bacana que esta pastoral teve por lá. Ele sentia a necessidade de fazer alguma coisa, mas não sabia por onde começar e nem o que fazer. Esta questão o incomodava bastante. Por vezes ficava pensando nisso até tarde. 

Numa noite, assim que chegou em casa tomou banho e jantou. Ligou a televisão e ficou assistindo o noticiário nacional. Falavam dos atrasos das obras de infraestrutura para a Copa do Mundo no Brasil. Uma moradora reclamava da falta de informações a respeito de possíveis desapropriações. Um motorista apontava os riscos de engarrafamentos com as obras viárias no entorno e nos acessos para os estádios. Um sujeito engravatado se preocupava com a estrutura dos aeroportos brasileiros. E uma autoridade, que Anderson não soube lembrar quem seria, esclarecia que tudo isso estaria pronto até a Copa do Mundo e que seria um evento fantástico, pois o planejamento estava em dia.

Até o início da Copa, tudo vai estar bem. Aquilo martelou na sua cabeça. Planejamento. Era essa a palavra. Era preciso fazer um planejamento para que a PJ voltasse a se organizar e a ter uma ação bacana na comunidade e no bairro onde ele morava. Procurou textos na internet, falou com pessoas, foi atrás do padre, conversou com uma freira, reuniu um grupo de amigos e trocou umas ideias com a turma da PJ da diocese.


Um dos textos que Anderson leu era de um blog chamado “E por falar em pastoral...”. Tratava sobre os sete sinais de um mau planejamento. Aquilo mexeu com ele. Ele parou e ficou meditando sobre os passos que já havia tomado e sobre o que seria possível fazer dali até a Copa do Mundo. 

1- Não levar em conta o que já existe
Ele estava levando em conta sim. Eles tinham pessoas interessadas, tinham a autorização do padre, tinham o apoio da freira, tinham a presença pontual da coordenação diocesana. Tinham uma paróquia com 10 comunidades, sendo que em sete delas não existia juventude organizada, em duas havia crisma e na comunidade deles havia a própria boa vontade. 

Sabia que havia oposição de algumas lideranças paroquiais por fatos passados. Sabia que não tinham ninguém para acompanhá-los de maneira sistemática e direta. Sabia também que nenhum deles tinha uma boa formação para começar a organizar, apenas disposição.

2- Não se preocupar com a história recente
A oposição que a ideia de organizar a PJ novamente sofria era devida aos conflitos que ocorreram com outros grupos. Havia uma intolerância de ambas as partes (pelo que ele soube, da parte da PJ foi num volume menor). Ele acreditava que era preciso conversar para tirar possíveis rusgas. Foi por conta destes conflitos e da falta de apoio que a PJ na paróquia foi acabando com o tempo. Não era possível cair neste mesmo erro.

3- Não avaliar adequadamente os recursos
Recursos? Gente, materiais, dinheiro, disposição. Gente tinha. Eram bem poucos, mas estavam dispostos. Material e dinheiro não tinham. Precisavam conseguir. Para isso tinham disposição. Tinham também o apoio de uma freira e o consentimento do padre. O apoio deles era importante para organizar o trabalho e não fazer uma organização em paralelo com as demais pastorais. A irmã acompanharia os primeiros passos do grupo, mas não poderia assumir o compromisso a longo prazo porque estava atarefada com atividades de sua congregação. Anderson achou que isso bastaria para começar.

4- Não fazer um bom encadeamento de ações/etapas
Para começar eles precisavam fazer duas coisas: capacitar-se e buscar uma união maior com os dois grupos de crisma já existentes. Outra coisa que eles pensaram em fazer era verificar nas outras sete comunidades se não existiam realmente jovens interessados em formar grupos ou em trabalhar mais próximos, como paróquia. Anderson e seus amigos já sabiam dos cursos que a PJ da diocese oferecia. Era importante ir atrás deles para ajudarem em sua formação. Precisavam fazer algum evento ou festa para começar a arrecadar algum dinheiro a fim de bancarem os transportes, a compra de livros ou a inscrição dos cursos. Tirar sempre do próprio bolso é que não iria dar certo mesmo.

5- Não estabelecer metas a serem alcançadas
Sim, eles planejaram que dali a dois meses, seria preciso que já tivessem o calendário diocesano em mãos, a possibilidade de inscreverem alguns dos jovens nos cursos existentes, bem como o mapeamento das comunidades das paróquias. Dali quatro meses, precisariam ter realizado alguma atividade com os jovens da paróquia para contribuir na integração deles e ajudar a dar um início bom na organização. Em oito meses  haveriam de ter uma equipe mais representativa da juventude. Até a Copa do Mundo, seria preciso estar com um calendário e um início de plano para articular a juventude nas comunidades onde não há grupos. Dividiram entre si quem faria o que e quem cobraria quem.

6- Não colocar momentos intermediários de avaliação
Eles pensaram nisso também. Seriam quatro paradas de avaliação, em um, três, cinco e nove meses. Todas elas aconteceriam entre os prazos de meta. Parecia ser uma boa ideia realmente, porque se algo não tivesse estivesse dentro do planejado, eles poderiam repensar em como fazer, antes de tentarem cumprir a outra meta.

7- Planejar uma situação final irrealizável
Era concreta a situação pensada por Anderson e os outros jovens. Até a Copa do Mundo, eles queriam articular a juventude da paróquia. Queriam se capacitar adequadamente. Queriam um envolvimento com a PJ diocesana. Sabiam, no entanto, que não conseguiriam ter grupos nas 10 comunidades assim, tão rapidamente. Sabiam que seria trabalhoso o mapeamento em razão das distâncias e da falta de contatos. Tinham consciência de que eram um grupo pequeno e que seria preciso mobilizar outras pessoas. Mas eram todos jovens de muita fé e de muita disposição. Não eram bobos ou ingênuos. Tudo podiam nAquele que os fortaleciam.

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