terça-feira, 9 de julho de 2013

Já ouviu falar de formação integral?

Acredito que muitos de nós já ouvimos falar da tal formação integral, afinal trata-se de um dos pilares da pastoral da juventude, um de nossos tesouros, uma das linhas mestras que caracterizam a nossa identidade. Isto significa que para bom pejoteiro, isto é algo básico. Será?

Será que basta falar que a formação integral abrange cinco aspectos do ser humano? Todo pejoteiro que saiba o básico da nossa identidade pastoral já ouviu falar disso. Uma das primeiras palestras sobre a PJ que eu me lembro de ter participado falava destes cinco aspectos. Na época, dava-se o nome de personalização, integração, dimensão política, dimensão teológico-teologal e capacitação técnica. Bonitos nomes.


Aprendi que a personalização tratava da individualidade, do aspecto psicoafetivo; que a integração falava das relações grupais; que a dimensão política apontava para a sociedade, além das relações partidárias; que a espiritualidade estava destacada na dimensão teológico-teologal; que a dimensão de capacitação técnica buscava preparar melhor os futuros pejoteiros na arte e na missão de pejotar.

Como diria um amigo, isso é o basicão. Como disse um dos meus primeiros assessores, é possível gastar um final de semana todos para tratar uma única destas dimensões e não ter encerrado o assunto. E fiz exatamente isso no início da minha caminhada pastoral. Estudei muito a respeito. Li livros, participei de palestras, rodas de conversa, dinâmicas todas a respeito de uma ou de mais destas dimensões. Chegou uma hora em que achava que sabia o caminho das pedras. Será que a gente sabe mesmo? Conheci Miguel e ele achava que sabia...

Miguel hoje é um empresário de sucesso. Ele adotara em sua vida uma regra que aprendera na juventude. Antigamente era conhecida como formação integral. Em suas palestras, Miguel adota ora o nome de empreendedorismo holístico, ora de visão empresarial estruturada. Do que se trata? Ele crê e professa que todo empresário precisa ter uma visão ampla sobre o seu negócio. E que para isso dar certo, ele elenca cinco aspectos:

1- O empresário deve ter uma relação próxima com seu empregado. Deve dar constantes feedbacks sobre seu desempenho. Um trabalhador motivado produz muito mais. Um trabalhador que é reconhecido pelo seu patrão é uma possibilidade de lucros maiores.
2- O empresário deve favorecer um clima agradável em sua companhia ou negócio. Os seus servidores devem ter uma sinergia entre as equipes para que o produto ou serviço seja competitivo no mercado.
3- O foco está no lucro e no cumprimento de metas. Este é o objetivo. É para isto que existe a empresa. Empresas cuja missão e visão não estão alinhadas a este objetivo irão fracassar. Focai toda vossa força, todo vosso fervor, toda vossa energia no lucro e nas metas e tudo mais vos será acrescentado.
4- O mundo se divide em quem entra no esquema e quem não entra. Entre quem está na normalidade e quem não está. No mundo que o empresariado deve defender não cabem todos, infelizmente. Há quem não se encaixe, há quem ande pelas margens, há quem não seja normal. Para eles, o rigor da lei.
5- Um bom empresário capacita, assessora, acompanha, forma outros e também é capacitado, assessorado, acompanhado e formado pelos nossos. Há técnicas, maneiras e macetes para progredir no mundo dos negócios. Basta crer e investir.

Percebem? Não é a técnica, mas o espírito. Não é a teoria, mas o horizonte. Há pejoteiros de nome, cujas práticas não lembram em nada a prática de Jesus. Há gente levando o nome do cristianismo para esquemas de exploração do outro. Há deturpações que nada mais são do que tentativas de corromper nossas práticas de libertação adaptando-as às práticas mesquinhas, medíocres, conservadoras de uma sociedade onde não cabem todos.

Quer falar de pastoral? Quer fazer pastoral? Quer formar novas lideranças? Seja antes de tudo um cuidador da vida. Se a sua prática não gera vida, há algo a ser reavaliado aí. Se você deixa atrás de si um rastro de ressentimento, tristeza, desilusão ou mágoa, repense suas atitudes. Se sua inspiração está somente nos livros teóricos e não contempla o testemunho de tantas e tantos que doaram suas vidas, requalifique seus critérios.

Vamos embora falar de formação integral. Mas antes, situe-se no mundo. A partir de que ponto de vista você está falando. Qual o seu horizonte? Onde está sua inspiração? Que modelo de relações sociais você quer propor? E onde está o projeto libertador de Jesus nisto tudo? Podemos então trocar dois dedinhos de prosa.

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