terça-feira, 27 de agosto de 2013

Quarenta anos e em romaria

Pare para pensar onde você estava há dez anos. O que você fazia? Que sonhos tinha? O que fez por estes sonhos? Se dez anos for um tempo muito longo, diminua. Pense em cinco anos, três anos. Se você tiver uma idade mais acumulada, pense lá atrás. Quinze ou vinte anos.

Somos fruto das decisões que tomamos e que outros tomaram também. As posturas que adotamos e as circunstâncias que nos cercam ajudam a moldar nosso futuro. E o futuro do nosso passado é o presente que vivemos. Normalmente, pensamentos como esses surgem em datas especiais ou marcantes, sejam da vida pessoal ou de celebrações familiares ou comunitárias.

Estamos celebrando quarenta anos da Pastoral da Juventude em nosso estado, em nosso regional, na mesma sintonia que a PJ nacional. Em razão desta data redonda, ficamos vasculhando nosso passado para termos clareza de porque somos assim.


Se formos procurar nos relatos, saberemos que já no fim dos anos de 1960 e início dos anos de 1970 tínhamos algumas experiências de grupos de jovens com características semelhantes àquelas que temos hoje. Mas isso ainda não era Pastoral da Juventude. Alguns destes grupos nasciam de poucas experiências pastorais bem sucedidas após movimentos de encontro. Muitos outros grupos, no entanto, surgiram da boa vontade de gente que se articulara anteriormente em torno de grupos da Ação Católica Especializada e das Comunidades Eclesiais de Base.

É preciso que lembremos que no começo dos anos 1960, a Igreja Católica iniciava uma reformulação pastoral a partir das discussões e das grandes intuições surgidas no Concílio Vaticano II. A Igreja Latino-americana atualizou as conclusões do Concílio em 1968, quando se reuniu na cidade de Medellín na Colômbia. Uma de suas conclusões era que os trabalhos pastorais deveriam ter um grau maior de organização e articulação. 

Na sequência destas decisões, isto acabou acontecendo, em maior ou menor grau, por todo o Brasil. Encontramos registros que em 1972 um grupo de responsáveis pelo trabalho com juventude se reuniu em São Paulo. Consideramos este como o ano da gestação da Pastoral da Juventude em nosso estado. Tomamos o ano de 1973 como o marco inicial do trabalho por aqui como consequência deste encontro no ano anterior. Nacionalmente, 1973 também é tido como o ano inaugural da PJ no Brasil por haver ocorrido no Rio de Janeiro o primeiro encontro nacional da Pastoral da Juventude. Há de se registrar que em 1974 foram redigidas e publicadas as primeiras diretrizes da PJ em São Paulo. Era, portanto, um trabalho sério e comprometido de toda a Igreja.

De lá, do longínquo ano de 1973, para cá já temos 40 anos. É uma marca respeitável e bonita. Claro que não somos exatamente os mesmos e nem poderíamos. As conjunturas mudam, as juventudes mudam e a nossa percepção também muda. O que permanece o mesmo é o sentido e a disposição de caminhar. Sim, há desafios e há momentos de desânimo. Há horas em que achamos que a coisa vai empacar e que a situação não tem solução.

Sim, quarenta anos. Tal como o povo de Deus que caminhava no deserto também estamos nós aqui. Há o momento bonito, fundante, inicial da caminhada e que marca a história. Há a caminhada, a disposição, a esperança. Há também o momento de dúvida e de vacilo. Por onde caminharemos? Será que é esta a melhor alternativa? Por que viemos para cá? A situação anterior era melhor, por que não voltamos?

Caminhar é preciso, meu amigo. Se pararmos, podemos morrer no meio do deserto. Temos um sentido, temos um objetivo, temos uma razão por termos iniciado tudo isso, tal qual o Povo de Deus. Temos uma promessa: a Civilização do Amor. Esta só se constrói no caminho, no peregrinar. E para não desanimarmos, é preciso encontrar apoio, ajuda e motivação.

Deus caminha conosco, da mesma forma que caminhou com aqueles que vieram antes de nós. Nesta história de 40 anos, lá no também distante ano de 1995 quisemos evidenciar sua presença. Pensamos e iniciamos a Romaria da Juventude na casa da Mãe Aparecida. Não falhamos nenhum ano. De lá para cá, quisemos mostrar a todos que, apesar dos desânimos, apesar das incertezas, apesar das dificuldades, não perdemos a confiança. Deus caminha conosco.

Por isso continuamos, por isso insistimos, por isso fazemos pastoral. Inspirados em Maria, mãe de Jesus, queremos um mundo novo, uma nova civilização baseada no amor, onde não há trono e nem poderosos, onde os humildes sejam exaltados, onde quem teve sempre fome seja saciado, onde podemos festejar a grande celebração da vida defendida.

Um comentário:

  1. Amém! Caminhamos pela luz de Deus, caminhamos pela luz de Deus, caminhamos sempre, caminhamos ôô! Caminhamos pela luz de Deus!
    Linda reflexão! Mais uma vez Parabéns!
    E até a Romaria! Irei pela primeira vez e estou bem anciosa e feliz!

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