sexta-feira, 7 de julho de 2017

Sobre identidade e identificação

Colega me perguntou o que é “pejotando”. Ele chegou no blog por conta do meu perfil em rede social. Eu respondi que tem a ver com a PJ, com a Pastoral da Juventude e que são publicações feitas para este público. Ele é participante comum das missas então o que eu falei para ele não era de todo estranho. 

De uma maneira geral, para a maioria das pessoas, quando se fala em pastoral se fala de um grupo de pessoas que faz um determinado serviço na igreja, e no nosso caso específico, com a Juventude. E o “pejotar” no gerúndio daria a impressão de um processo contínuo dentro desse serviço.

Há um pouco de verdade nesta explicação, por isso é preciso iluminar alguns conceitos. Quem dera pudéssemos fazer esse exercício para outros tantos casos que geram controvérsia. Mas enfim, é preciso jogar um pouco de luz sobre o que seja Pastoral da Juventude, para poder entender o que é este blog.



Estas páginas têm recebido visitas várias, de pessoas de fora do âmbito cotidiano da pastoral inclusive. Há pessoas hoje que acham que PJ é uma coisa genérica quando, na verdade, é outra, bem definida, completamente diferente.

Há uma lição que vem do bê-á-bá da Pastoral da Juventude e que eu imagino que deva ainda ser tratado aqui e ali nas formações iniciais para novos integrantes. É a análise e o debate detalhado do nome da PJ. O nome é sempre um cartão de visitas. E quando o nome tem uma história e um significado conhecidos, metade da conversa pode ser adiantada.

Então, se o “pejotando” vem da PJ, o que significa Pastoral da Juventude? A lição introdutória a qual eu me referi, dizia respeito a analisar, palavra por palavra, o significado do nome. A começar por “Pastoral”.

A ideia genérica posta acima não está de todo errada. Pastoral é o serviço, não o grupo de pessoas que o realiza. Ou seja, se você faz parte de uma pastoral, significa que faz parte de um grupo organizado e articulado que tem por missão realizar um determinado serviço em nome da Igreja. Por que esse nome, pastoral? De onde vem? Vem do termo pastorear, vem da tarefa do pastor.

Jesus é e apresentou a ideia do Bom Pastor. É aquele que dá a vida por suas ovelhas. É quem cuida, quem conhece cada uma pelo nome, que é reconhecido por elas e que corre atrás daquela que se perdeu. É diferente do ladrão que vem para roubar, matar e destruir. O bom pastor quer vida e vida em abundância. (Jo 10,10)

A princípio, chamamos de pastoral estas ações eclesiais que atuam junto às realidades que necessitam da presença da Igreja servidora, testemunha de Jesus Bom Pastor. São várias: Pastoral da Moradia, Pastoral da Criança, Pastoral Carcerária, Pastoral da Mulher Marginalizada, Pastoral da Juventude.

Quando falamos de “Juventude” fazemos referência a pessoas concretas, substantivas e que vivem as mais diversas realidades. Realidades de gênero, educacionais, geográficas, habitacionais, raciais, físicas, financeiras, de locomoção, históricas, de saúde ou de informação. São muitas juventudes. 

Mas se são tão diversas, como é possível coloca-las num mesmo grupo? Adotam-se os critérios etário, biológicos, sociais e psicológicos. Jovens normalmente estão dentro de uma faixa de idade, num período da vida em que transformações acontecem em seus próprios corpos, quando decisões fundamentais são encaminhadas e posições sociais são debatidas.

Uma ação articulada, um serviço da Igreja junto a este grupo tão heterogêneo precisa ser feita com cuidado, planejamento, estudo e levando em conta algo fundamental. Precisa ter a sua frente outros e outras jovens. É a tal da palavra protagonismo. A juventude cria, organiza, articula, decide e encaminha. Essa é a raiz da ideia que o Papa Paulo VI disse certa vez, “Um Jovem evangelizando torna-se um apóstolo da juventude”.

Por isso que a PJ é Pastoral DA Juventude e não Pastoral de Juventude, Pastoral Juvenil, Pastoral dos Jovens. O nome diz muita coisa daquilo que se é e daquilo que se quer ser. Em algumas culturas e tradições (até mesmo no catolicismo), as pessoas assumem outro nome quando abraçam uma missão ou uma nova identidade social. E isso ajuda a pessoa ser quem é.

Ser Pastoral da Juventude significa que é a juventude, portadora da missão da Igreja, a protagonista na evangelização de outros jovens, ou seja, ser a presença de Jesus onde existam juventudes, em quaisquer Galiléias onde a vida da juventude esteja ameaçada, onde se possa promover vida, esperança, carinho e cuidado.

E foi para partilhar um pouco do que aprendi e vivi na PJ, seja do período em que fui jovem ou desse tempo em que me coloco a disposição da assessoria, que este blog foi criado há pouco mais de sete anos. É para divulgar a PJ, para ajudar nas formações, para dar dicas, para provocar outras ideias, para apresentar nossa espiritualidade, ação, organização, para criar a identificação e para fortalecer a identidade. Por isso que é uma ação contínua este pejotar. É por isso que mesmo em marcha lenta eu continuo pejotando.

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